TESTE DE PATERNIDADE PARA AVES SILVESTRES PODERÁ INIBIR TRÁFICO NO PAÍS Eles já sabiam algumas palavras em francês, quando partiram do Brasil a bordo da fragata Pèlerine, com destino à França, relata Claude Lévi-Strauss, em sua obra Tristes Trópicos. Os passageiros eram nada menos que 600 papagaios e corria o ano de 1531. O fato, aparentemente pitoresco, revela bem a longevidade de uma prática que, colocada na clandestinidade, movimenta hoje bilhões no mercado mundial: o tráfico de animais silvestres. "Em todo o mundo, há grande demanda por determinadas espécies", observa o professor Evanguedes Kalapothakis, do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, que coordena pesquisa para o desenvolvimento de sistema inédito de identificação de paternidade com DNA para papagaios (Amazona aestiva) e sofrês (Icterus Jamacali), duas das aves nacionais que mais sofrem com o contrabando. O projeto, orçado em R$ 80 mil para cada espécie, foi submetido à Fapemig e terá a colaboração do Ibama. A previsão é de que o trabalho esteja finalizado dentro de dois anos. Estudos indicam que as duas espécies encontram-se presentes em vários ecossistemas - em especial no cerrado e pantanal -, e são bastante comercializadas. Como no caso de outros animais silvestres, a lei brasileira libera a comercialização de papagaios e sofrês apenas quando nascidos em criadouros autorizados pelo Ibama. Contudo, como explica Kalapothakis, a alimentação, criação e reprodução dos animais em cativeiro encontram muitas dificuldades. "Como forma de manter a normalidade desses processos, é preciso oferecer condições singulares para cada espécie e para cada indivíduo de cada espécie", ensina o professor. Ele acrescenta que o número reduzido da população de determinados animais, a agressão a seu habitat, o desconhecimento sobre sua dieta e seus rituais de acasalamento agravam as condições de criação e de reprodução em cativeiro. Kalapothakis observa que tais dificuldades, associadas à demanda dos mercados interno e externo, provocam a elevação do preço de papagaios e sofrês. Um clássico problema de demanda e oferta, em que o tráfico procura obter vantagem. Naturais e legítimosA liberação de criadouros de animais pelo Ibama é considerado um importante recurso para proteção de espécies nativas. "A criação comercial evita que a população compre animais silvestres oriundos do tráfico", explica o chefe do Núcleo de Fauna Silvestre do Ibama em Minas Gerais, Daniel Vilela. De acordo com Vilela, a expectativa é de que a parceria com a UFMG aperfeiçoe o sistema de controle comercial de papagaios e sofrês. "Conhecer a procedência genética dessas aves permitirá ao Ibama inibir sua captura da natureza", avalia o coordenador. O controle atual é realizado sobretudo através da colocação de anéis identificadores nas patas das aves. Esse sistema de marcação é conhecido como anilhamento, e pode ser feito por criadouros autorizados pelo Ibama. Estudos preliminares do órgão indicam, no entanto, que a quantidade de papagaios e sofrês comercializados portando anilhas é maior do que o número de animais da mesma espécie nascidos em criadouros autorizados. Há suspeita de que a diferença tenha origem na captura de ovos e filhotes dessas aves na natureza. "Foram identificados apenas casos isolados", informa Vilela. De acordo com o coordenador, a utilização de teste de paternidade para as aves, ao inibir ações desonestas, reforçará a importância dos criadouros, cuja maioria dedica-se a atividades legais e de preservação ambiental. MicrossatélitesA técnica de paternidade (confira ao lado) procura identificar marcas no DNA conhecidas como microssatélites. Essas regiões acumulam modificações transmitidas entre gerações de indivíduos. "O filho é um híbrido, pois herda metade das modificações adquiridas pela mãe e pelo pai", diz Kalapothakis, ao explicar que, por esse motivo, para o teste possuir efetividade, é necessário trabalhar com um grande número de marcadores de DNA. A tecnologia desenvolvida para aves é similar àquela utilizada para identificação de paternidade humana, e que, inicialmente, usava oito marcadores. Os testes atuais, no entanto, chegam a utilizar mais de 20 microssatélites. "A melhoria da qualidade da técnica está associada a esse aumento", informa o pesquisador. A pesquisa de identificação de marcadores de DNA para papagaios e sofrês enfrenta, porém, um grande desafio. "Aves têm número menor de microssatélites em seu genoma", revela Kalapothakis. Ele esclarece que a dificuldade já era prevista e que objetivo da pesquisa é identificar pelo menos oito marcadores de DNA para a técnica de paternidade das duas aves. O acordo com o Ibama estabelece que a UFMG será responsável pela realização dos testes. O custo unitário por análise de paternidade foi estimado em cerca de R$ 40. "Esse valor torna o projeto viável para o Ibama", comemora Daniel Vilela. Fonte: Boletim UFMG |
quinta-feira, janeiro 26, 2006
TESTE DE PATERNIDADE PARA AVES SILVESTRES PODERÁ INIBIR TRÁFICO NO PAÍS
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Um comentário:
acho que este tipo de teste tinha que ser lei em todos os criadores comercial de todas as especies de animais, acho que talves possa inibir um pouco o trafico p/ com os criadores comerc. e nao para a população em geral, a maioria das pessoas adorariam ter um papagaio mas pocas teriam condiçoes de pagar R$ 1.500,00 em um c/ documento entao a maioria prefere comprar por R$ 150,00 sem documento, a verdadeira solução p/ trafico de animais e deixar as pessoas que queiram montar criadouros com. ter apoio incentivo do governo p/ que possam vender o animal c/ doc. de ac/ ibama etc. por um preço razoavel se no contrabando e R$150,00 s/ doc. c/ doc. de ac. ibama tem que ser no maximo R$ 200,00 tenho serteza nimguem mais compraria s/ doc. sabendo os riscos e aborrecimentos possiveis c/ lei p/ uma diferença tao pequena.
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